segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Nos passos de Anchieta



Foi com muito prazer que nós do Litoral Trekking percorremos "os passos de Anchieta" o primeiro caminho cristão das Américas.

De acordo com a ABAPA (Associação Brasileira dos Amigos dos Passos de Anchieta) o roteiro é o quarto desse tipo existente no mundo – os outros três são os famosos caminhos de Santiago de Compostela, na Espanha; a trilha da Terra Santa, em Jerusalém; e a de Roma, na Itália.

O caminho reconstitui a trilha habitualmente percorrida pelo Padre Anchieta nos seus deslocamentos da Vila de Rerigtiba , atual cidade de Anchieta, á Vila de Nossa Senhora da Vitória onde cuidava do Colégio de São Tiago, em caminhadas quinzenais que ele empreendia nos últimos anos de sua vida quando preferiu recolher-se à vila indígena nas costas do Espírito Santo.

Há pelo caminho sinalização (como você pode ver na foto que ilustra esse post) que guia o peregrino pelas mesmas praias (sorte dele que na época não existia o saco plástico, pois as praias do caminho estão repletas de lixo) que percorreu o mais famosos dos jesuítas do Brasil regularmente duas vezes por mês.

A reconstituição histórica do projeto não foi difícil uma vez que os jesuítas se notabilizavam como andarilhos que cobriam longas distâncias pelas praias, valendo-se principalmente das marés vazantes, quando a areia solada oferecia menor dificuldade para caminhar. Por isso, basta caminhar pela orla junto ao mar para percorrer o mesmo trecho que a mais de 450 anos atrás percorria Anchieta.

Durante o evento, que é realizada sempre a partir do feriado de Corpus Christi, inúmeras pessoas oferecem frutas, água e abrigo pelo caminho. Vale a pena vivenciar essa experiência histórica pelas praias capixabas.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Trekking e Equipamentos



Na hora de sair para a natureza e praticar algum esporte de aventura ou viajar, um dos assessórios mais importantes é a mochila. Seria uma aventura (no mal sentido) escolher um equipamento frágil pois, se no meio do caminho ela falhar tudo vai por água abaixo.


Ela é como uma concha pois nela carregamos nosso próprio abrigo (a barraca) além de alimentos, roupas, toalha, kit de primeiros socorros, higiene pessoal. Imagine se de uma hora pra outra tudo isso cai no chão, ou se você precisa andar mais 8 kilometros com uma das alças arrebentadas.

Existem dois tipos básicos de Mochila: de ataque e cargueiras. As utilizadas em Trekking são naturalmente estas últimas pois possuem mais espaço para armazenar a bagagem, compartimento para transporte de reservatório de água, aberturas laterais, alças anatômicas, costado ergonômico e tecidos inteligentes que maximizam sua performance.

Lembre-se ela nunca deve ser mais larga que seus ombros e nunca maior que sua cabeça e jamais deve ultrapassar 30% do seu peso. Exitem marcas nacionais e importadas que atendem bem ao nosso esporte. Na minha opinião a marca Deuter (alemã) é incomparavel não só no conforto (sistema air confort), como na durabilidade e principalmente acabamento. É nos detalhes que essa mochila conquista os amantes do esporte: as cores, design, sistema de ventilação, fixação de sistema de hidratação, capa de chuva embutida. Basta experimentar uma Deuter pra saber como ela é uma mochila fantástica.

As marcas nacionais também tem um bom desempenho. A brasileira Trilhas e Rumos possue mochilas resistentes e usuais, com duas aberturas facilitando o acesso aos materiais guardados. Além disso fornecem manutenção durante a garantia. Tenho um amigo que possui uma de 80 litros e nunca precisou de nenhum retoque. A Nautika também fabrica mochilas de 60, 75 e 80 litros sendo talvez a marca nacional mais usada devido aos preços mais baixos.

Deixarei abaixo os sites das principais marcas. Espero ter ajudado e boa caminhada:


Desejo a todos uma ótima aventura!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Projeto Tamar de Anchieta

Um dos pontos altos da viagem foi a visita ao Projeto Tamar que funciona desde outubro de 2003. Com sede na praia da Guanabara na cidade de Anchieta o projeto monitora 34 quilômetros de praias, protegendo fêmeas, ninhos e filhotes da Tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) e também juvenis de Tartaruga-verde (Chelonia mydas) e de-pente (Eretmochelys imbricata).




A cada temporada são protegidos em média 66 ninhos e 6,3 mil filhotes. Cerca de 80% das desovas ocorrem em um trecho de 3,4 quilômetros da praia da Guanabara, maior sítio reprodutivo no sul do Estado, transformada em 1998 em Área de Proteção Ambiental Municipal.




A sede dispõe de um Centro de Visitantes com exposição educativa e, durante as férias de verão e no mês de Julho, loja de produtos TAMAR. A meta é estender os trabalhos ao litoral sul do Estado, incluindo ações de fomento ao desenvolvimento pesqueiro e comunitário.



Durante a primeira edição do "Litoral Trekking" nós visitamos a base de Anchieta. Nesta segunda edição pretendemos novamente passar por uma base na Bacia de Campos-RJ. Aguardamos vocês nesta nova aventura.

Siri branco (arenaeus cribarius)



Um dos animais mais comuns por todo o trajeto foi sem sombra de dúvidas o Siri Branco ou Maria Farinha como o chamam na região.

Este simpático crustáceo vive nas praias de areais brancas ao longo de todo o trajeto percorrido fazendo buracos na areia onde constroem seus esconderijos. Recentemente foi demonstrado que esta espécie é útil como bio-indicadora, podendo representar uma ferramenta para a análise de impactos ambientais. Seu raleamento em determinadas regiões é um indicador de desequilíbrio ambiental.

As cores claras destes animais ajudam a refletir a luz do sol, diminuindo a retenção de calor e, conseqüentemente, permitindo que estas espécies possam se adaptar naturalmente às grandes oscilações térmicas. Outro dado curioso: os animais da praia, em geral, têm a capacidade de se enterrarem na areia rapidamente, escapando, assim, do impacto direto das ondas do mar.

Preservação das praias



O território brasileiro abriga 8 mil kilômetros de costa, uma das maiores faixas litorâneas do mundo. Nosso desafio é harmonizar o prazer e o bem estar proporcionado pela beleza dessa orla com a ação humana.

Desde a chegada dos colonizadores, a história se repete. No litoral, foram construídas cidades, e portos, derrubadas florestas e abertas estradas. As áreas banhadas pelo mar se tornaram pólos da economia nacional e geraram os primeiros problemas ambientais.

Hoje eles são muitos. Nas áreas urbanas dentro do trajeto do "Litoral Trekking" podemos observar muito lixo pela orla, esgoto sem tratamento e a ocupação urbana desordenada que altera o transporte natural de sedimentos pra outras praias.

O projeto TAMAR alerta para a proliferação de lixo nos mares. O perigo maior é o aumento vertiginoso da mortalidade de tartarugas marinhas. Segundo o biólogo Douglas Zeppelini afirmou que quase 30% das mortes dos animais têm como causa a poluição. Segundo ele, materiais como fios de náilon e plástico fica preso em algas, que são os principais alimentos das tartarugas. Como não conseguem diferenciar o lixo, as tartarugas ingerem o material e morrem.

Apenas 0,4% da faixa litorânea do país, incluindo o mar territorial, é coberta por parques nacionais, reservas ecológicas ou outras áreas de proteção. Durante nosso projeto cruzamos parte do Parque Estadual de Setiba ou Parque Estadual Paulo César Vinha. É um parque situado no litoral, a 11 quilômetros ao norte de Guarapari, ao longo da Rodovia do Sol até Vila Velha.
A praia de Igaboa entre as cidades de Itaoca e Piúma percorrida pelo nosso projeto é um exemplo de limpeza e preservação.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

História do projeto



História do Projeto - Litoral Trekking foi idealizado por três amigos de Muriaé-MG com o objetivo de traçar rotas pela exuberante costa brasileira. Nossa primeira aventura foi marcada mais por: "erros e acertos" do que propriamente um planejamento perfeito.
Confesso que a inspiração para dar início a esse projeto começou ao ler Fernando Pessoa: "Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."
E foi pensando assim, na marca indelével do tempo e como nossa história fica gravada nele que Igor Guedes (Historiador graduado pela UFOP), Henrique Vieira Campos (Eng. de Alimentos graduado pela UFV) e Marcos Aurélio (desenhista e tricampeão mundial de Hapkido) se lançaram a um trajeto de 80 quilômetros pelo litoral capixaba.

O percurso foi feito em 5 dias em uma média de 16 quilômetros diários. Os equipamentos: 2 mochilas da Náutika (uma delas arrebentou), uma mochila comum (que arrebentou no caminho), uma barraca iglu Náutika.

Estabelecemos nosso trajeto por praias com forte turismo (procuradas principalmente por mineiros e paulistas). Foi feito de um levantamento histórico, ecológico, sócio-ambiental. Além disso, procuramos fotografar a fauna, os costumes e, principalmente, incentivar a prática desse esporte fantástico: o trekking.
Diferentemente do litoral paulista e carioca a costa do Espírito Santo não apresenta a exuberância da Mata Atlântica rente ao mar, mas uma mata de restinga que se caracteriza por uma vegetação rasteira e arbustiva.
Nos próximos posts você poderá ver detalhes desta parte do litoral capixaba sob a ótica dos três integrantes do "Litoral Trekking"

As cidades percorridas pelo trajeto foram:
  • Marataízes
  • Itaoca
  • Itaipava
  • Piúma
  • Iriri
  • Anchieta
  • Meaípe
  • Guarapari

Neste início do ano de 2009 pretendemos repetir a façanha do ano de 2008 com um novo trajeto. Aguarde as fotos e aventuras.